31 de maio de 2013

Mudanças Climáticas afetarão irrigação do etanol de milho nos EUA

Alterações nas concentrações atmosféricas de CO2, temperatura e precipitação afetam o crescimento das plantas e a evapotranspiração. Para os autores do estudo “Climate Change Would Increase the Water Intensity of Irrigated Corn Ethanol”, é importante levar em conta os efeitos combinados desses fatores em escalas geográficas e temporais – conhecimento relevante para a formulação de políticas.

O grupo estimou como a mudança climática afetaria as necessidades de água para irrigação da produção de etanol de milho nas principais regiões dos EUA em um tempo estimado de mais de 40 anos. Eles utilizaram informações do environmental policy integrated climate (EPIC), modelo desenvolvido para estimar a produtividade do solo afetada pela erosão, juntamente com dados sobre temperatura, previsões de precipitação e concentrações atmosféricas de CO2, do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima.

De acordo com eles, simulações inferem que a mudança climática poderia aumentar o consumo de água por evaporação dos 15 bilhões de litros por ano de etanol de milho necessários para cumprir com a independência energética e a Lei de Segurança em 10%, para 94-102 bilhões de litros/ano. Além disso, em média, as taxas de irrigação aumentariam em 9%, enquanto a produção de milho diminuiria cerca de 7%, mesmo quando o aumento das necessidades de irrigação projetadas forem atendidas.

Na região das Grandes Planícies, de irrigação intensiva, isso implica em um aumento da pressão para o grande Aqüífero Ogallala, que fornece água para sete estados e irriga um quarto dos grãos produzidos nos EUA. No Cinturão do Milho e na região dos Grandes Lagos, onde é projetado mais chuvas, a grande necessidade de água poderia estar relacionado às chuvas menos freqüentes, o que sugere a necessidade de capacidade adicional de captação de água.

Para os pesquisadores, os aumentos previstos na intensidade de água (ou seja, os litros de água durante o cultivo de matérias-primas necessárias para produzir 1 litro de etanol de milho) por causa das mudanças climáticas, destacam a necessidade de reavaliar o uso de etanol de milho do atual modelo de Combustível Renovável.



28 de dezembro de 2012

Micotoxinas afetam cadeia produtiva de cereais

As micotoxinas são substâncias naturais produzidas por determinados fungos que infectam os grãos e seus subprodutos, especialmente cereais, durante seu crescimento no campo ou na fase de armazenamento.

A ingestão de alimentos contaminados com micotoxinas pode provocar intoxicação alimentar, com vômito e diarréia, até estágios iniciais de câncer. Nos animais, além de complicações no sistema gastrointestinal, também são registradas alterações mutagênicas, como deformidades nos descendentes em aves e suínos, principalmente.

Micotoxinas são quimicamente estáveis, tendendo a se manter intactas durante o armazenamento e o processamento, incluindo-se a panificação sob altas temperaturas. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Trigo (Passo Fundo/RS), Casiane Salete Tibola, a fabricação de alimentos, como cozinhar ou assar, não elimina as micotoxinas. O problema pode estar presente no pacote de macarrão ou na barra de cereal, por exemplo.

Uma das culturas que sofrem frequentemente com o problema é o trigo, onde as micotoxinas são provenientes, principalmente, de uma doença fúngica chamada giberela. Para evitar a contaminação e cumprir as novas determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que reduzem gradativamente até 2016 os limites de tolerância da presença de micotoxinas nos cereais destinados à alimentação infantil, é preciso que tanto o produtor, quanto a indústria e consumidor conheçam melhor o problema e adotem algumas estratégias.

Casiane destaca a importância de escolher cultivares resistentes e utilizar programas de monitoramento das condições climáticas. Após a colheita, deve-se realizar a secagem o mais rápido possível, fazer a aeração dos grãos, descartando os de menor peso, que provavelmente estão contaminados, bem como fazer o controle dos insetos que danificam a plantação e facilitam a proliferação dos fungos.

Fonte: http://hotsites.sct.embrapa.br/prosarural/programacao/2012/estrategias-de-manejo-para-controle-de-micotoxinas-em-trigo

22 de setembro de 2012

Interação física entre misturas de defensivos agrícolas

A tendência de utilizar misturas em tanque de diferentes classes de defensivos é uma prática importante do ponto de vista econômico. Em algumas situações, no entanto, as misturas de diferentes herbicidas e também de herbicidas com inseticidas e/ou outras classes de defensivos podem provocar toxicidade às culturas e menor desempenho dos produtos. Isto pode estar associado à incompatibilidade física dessas misturas.

Em estudo publicado na revista Planta Daninha, pesquisadores da Universidade Federal do Piauí e da Universidade do Estado do Mato Grosso explicam que a mistura em tanque atualmente é de responsabilidade do agricultor e que, apesar de não se necessitar de registro, é imprescindível o conhecimento prévio de possíveis misturas em tanque com produtos de diferentes ingredientes ativos e formulações, a fim de evitar possíveis danos à cultura e baixa eficiência deles.

Segundo eles, de maneira geral, as interações físicas estão associadas aos ingredientes inertes contidos nos defensivos (formulações, solventes), enquanto a interação química está associada à molécula dos defensivos. No entanto, ressaltam, que para que haja interação dos defensivos, primeiramente esta se dá de maneira física – em sua maioria, governada pelas características físico-químicas (solubilidade, pKa, Kow) dos defensivos, levando-os, por conseguinte, às interações químicas.

Os autores explicam que o problema de incompatibilidade pode ser minimizado, por exemplo, com o uso de adjuvantes e redutores de pH de calda. As moléculas, quando em solução, dissociam-se em íons que podem ser de cargas negativas e positivas, podendo se ligar a outros íons presentes na solução. A resultante elétrica da dissociação das moléculas dos herbicidas varia em função do pH da solução; na maioria das vezes, para os herbicidas a carga iônica negativa aumenta com o incremento do pH, o que faz com que moléculas de carga negativa se liguem às moléculas de carga positiva – a exemplo dos carbonatos presentes na maioria das águas consideradas duras.

No estudo, o grupo avaliou a incompatibilidade física de misturas de herbicidas e inseticidas usualmente utilizados na cultura da soja. Os tratamentos foram constituídos pelas misturas de seis herbicidas (glyphosate SC, glyphosate WG, lactofen CE, fomesafen SC, haloxifop-R CE e fluazifop-pbutil EW) com seis inseticidas (methomyl CS, clorpirifós CE, teflubenzuron SC, triflumuron SC, cipermetrina CE e tiametoxam + lambda-cialotrina SC) na ausência e presença de dois redutores de pH (ácido pirolenhoso e ácido bórico), com quatro repetições.

Utilizou-se escala de 1 a 5, visando avaliar o grau de incompatibilidade, em que 1 é a separação imediata da mistura e recomenda-se não aplicar e 5 é a homogeneidade das misturas. As maiores incompatibilidades físicas nas misturas de herbicidas e inseticidas foram observadas na presença dos herbicidas glyphosate na formulação WG e lactofen CE. O ácido pirolenhoso e o ácido bórico demonstraram ser boas alternativas, como redutores de pH, no preparo de calda de pulverização com misturas de herbicidas e inseticidas. Der acordo com os pesquisadores, devem-se evitar misturas em tanque de glyphosate na formulação SC + clorpirifós CE e lactofen CE + clorpirifós CE.

Fonte: estudo “Incompatibilidade física de misturas entre herbicidas e inseticidas” (Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 30, n. 2, p. 449-457, 2012)

12 de setembro de 2012

Novo meio de combate à mosca-das-frutas na cultura do pêssego


Produtores de pêssego de Pelotas estão fazendo uso de um novo sistema para auxiliar no manejo da mosca-das-frutas. Como os inseticidas fosforados com ação de profundidade foram proibidos e não são mais recomendados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o pêssego, pela possibilidade de causarem danos neuro-tóxicos em humanos, essa é uma importante arma no combate contra a praga.


De acordo com o pesquisador Dori Edson Nava, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS), armadilhas (equipamento usado para monitorar a presença dos insetos) são vistoriadas semanalmente entre a segunda e a quarta-feira. Na quinta-feira, pesquisadores e técnicos se reúnem e emitem boletins sobre a presença da praga e a severidade do problema, para que o agricultor possa, a partir da sexta-feira, realizar os tratos culturais.

Índices de presença da mosca em cada região são relacionados a dados meteorológicos, principalmente chuva e temperatura, para formar o panorama da situação e guiar os passos a serem tomados. Embrapa, Emater/RS e Universidade Federal de Pelotas, responsáveis pelo sistema de alerta, repassam as informações sobre a situação da semana através de contatos diretos com os agricultores e por meio de jornais, rádios, tv´s e internet. Assim, o produtor poderá saber qual é a real e atual posição sobre a possível infestação e se armar para combater a mosca. Além disso, são fornecidas orientações, com base nos dados coletados, sobre quais tratos deverão ser adotados nos pomares por meio de boletins.

Dori conta que a arma mais indicada no combate contra a mosca é o monitoramento da praga aliado ao uso da isca tóxica. Esta consiste em aplicar, em partes do pomar, uma substância à base de proteína que servirá de atrativo alimentar ao mesmo tempo em que, carregada com um agrotóxico, matará o inseto. Como o produto atrai a mosca, não é preciso fazer a aplicação em todo o pomar, como ocorre na aplicação por cobertura – quando o inseticida é aplicado sobre toda a área de cultivo.

Fonte: Prosa Rural

28 de agosto de 2012

Com boa gestão, produção orgânica pode igualar produção convencional


Vários estudos enfatizam a necessidade de mudanças na produção mundial de alimentos. Segundo as pesquisas, a agricultura deve atender ao duplo desafio de alimentar uma população que não para de crescer e, simultaneamente, minimizar o seu impacto ambiental.

Um estudo publicado na revista Nature mostra que a agricultura orgânica, sistema destinado a produção de alimentos com o mínimo de danos aos ecossistemas, animais ou seres humanos, é frequentemente proposto como uma solução. No entanto, críticos argumentam que tal sistema pode ter rendimentos mais baixos e, portanto, precisa de mais terra para produzir a mesma quantidade de alimentos que fazendas convencionais, resultando num maior desmatamento e perda de biodiversidade.


Através de uma meta-análise, os pesquisadores, Verena Seufert, Navin Ramankutty e Jonathan A. Foley, examinaram o desempenho relativo de rendimentos de sistemas de cultivo orgânico e convencional no mundo. Segundo eles, a análise dos dados mostra que, globalmente, os rendimentos orgânicos são tipicamente mais baixos do que os rendimentos convencionais. Mas estas diferenças de rendimento são altamente contextual, dependendo do sistema e características do local.

Eles concluem que, sob certas condições, isto é, com boas práticas de gestão, tipos de culturas particulares e condições de crescimento, sistemas orgânicos podem quase igualar a produção convencional. “Para estabelecer a agricultura orgânica como uma importante ferramenta na produção sustentável de alimentos, os fatores limitantes de rendimentos orgânicos precisam ser melhor compreendidos, ao lado de avaliações dos muitos benefícios sociais, ambientais e econômicos de sistemas de cultivo orgânico”, dizem no estudo.

Fonte: estudo “Comparing the yields of organic and conventional agriculture” – Nature 485, 229–232 (10 May 2012)

Foto: Agriculturasp (Flickr)