28 de dezembro de 2009

E se os principais causadores das mudanças climáticas forem bois, porcos e galinhas?

Esta é a frase que abre o estudo "Livestock and Climate Change: What if the key actors in climate change are...cows, pigs, and chickens?", do World Watch Institute (WWI), de Washington, nos Estados Unidos. (leia na íntegra). A pesquisa mostra que a pecuária seria responsável por pelo menos 51% das emissões dos gases-estufa no mundo, ou 32,5 bilhões de toneladas. A estimativa está muito acima dos números apresentados pela Organização para Agricultura e Alimentação (Fao/Onu), que diz que a pecuária contribui com 18% para o aquecimento global.
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Área devastada no Pará, região Norte do Brasil, para prática da pecuária. (Foto: Valter Campanato/ABr)

O número do WWI parece se relacionar mais com os dados de uma pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Segunda ela, pelo menos metade das emissões brasileiras de gases do efeito estufa é causada pela pecuária bovina. Esta atividade foi responsável pela emissão de 813 milhões de toneladas de CO2 só no último ano.

A maior parte do problema se deve ao desmatamento para abrir pastagens na Amazônia e no Cerrado. Estimativas de 2003 a 2008, do Inpe, mostram que a pecuária é responsável em média por 75% do desmate na Amazônia e 56% no Cerrado.

Contudo, existem outros fatores provenientes da pecuária que contribui ao almento da temperatura na terra: A fermentação intestinal do gado, que gera importantes quantidades de metano (um dos gases de maior efeito sobre o aquecimento global), as queimadas nas áreas de pastagem e a criação de peixes e a pesca destinada à alimentação dos rebanhos.

Segundo os autores do estudo da World Watch Institute, Robert Goodland e Jeff Anhang, a melhor estratégia na luta climática seria substituir produtos derivados de animais por análogos vegetais. Eles recomendam um esforço direcionado ao setor industrial para a oferta de "produtos análogos a carnes e laticínios" processados, como soja e diversos tipos de legumes e grãos. Estes, quando processados, ficariam similares aos originados da pecuária. Apenas mudar o modo de produção ou tipo de carnes ou laticínios não teria uma redução significativa de seu impacto, avaliam. Mesmo com esses dados, as ações mundias para redução dos gases de efeito estufa não atingem especificamente a pecuária. O plano brasileiro, por exemplo, apresentado na conferência do clima de Copenhague, apóia-se majoritariamente na coibição do desmatamento, sem discriminar quem está desmatando, e prevê ações no setor agrícola. Fonte: Folhaonline