26 de abril de 2010

O uso do REDD no combate ao desmatamento

No post "Fórum Internacional de Sustentabilidade cria 'Carta do Amazonas'" falei brevemente sobre os mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD). Considerando o crescente interesse por esse tema e consciente de que as florestas prestam uma série de serviços ambientais, como a preservação dos recursos hídricos, a regulação do nível de chuvas, o controle de doenças tropicais, a renovação de nutrientes e a preservação da biodiversidade - quase 90% das espécies terrestres do planeta vivem nesses ecossistemas - , vou retomar o assunto. É importante lembrar também que as florestas são fontes de alimentos e de medicamentos, além de servir de moradia e trabalho para mais de um bilhão de pessoas no mundo.
 


Um estudo da consultoria McKinsey, apresentado no evento “O Brasil em um mundo de baixo carbono”, no ano passado, mostrou que o setor de florestas é responsável por aproximadamente 55% da quantidade de carbono lançada na atmosfera atualmente. Se mantidos esses mesmos níveis de desflorestamento, se responsável, em 2030, por 43% das emissões desse gás.

 
Ao mesmo tempo, o estudo diz que seu potencial de abatimento de emissões é de 70%. Para se ter uma ideia, se o setor florestal fosse desconsiderado, o Brasil deixaria de contribuir com 5% das emissões globais e emitiria o equivalente a 2%
 

Isso mostra a importância da utilização do REDD como forma de salvar nosso planeta do aquecimento. Felizmente ações de combate ao desmatamento, tanto na esfera governamental (federal e estadual) quanto na escala de projetos demonstrativos estão sendo pensadas em varios países - com a COP-5, a discussão sobre REDD saiu fortalecida e deixou evidente a importância desses mecanismos no combate ao efeito estufa. Entretanto, como essas ações serão trabalhadas para trazer benefícios ambientais (sem deixar de respeitar as comunidades locais) é algo incerto. “As medidas adotadas são técnicas, mas têm de estar compactuadas com os atores locais e é nesse sentido que esses critérios vão permitir o avanço. Eles enunciam alguns princípios importantes, principalmente a governança e todo mundo que trabalha com floresta sabe que o fundamental para ter eficiência e sucesso na promoção é um bom mecanismo de governança”, explica Thaís Juvenal, diretora do Serviço Florestal Brasileiro para o Clima.
 

Créditos de carbono Países industrializados estão interessados em implantar o REDD em suas economias. Não só porque para eles é mais complexo diminuir emissões, pois precisam mudar a matriz energética, mas também porque vêem o mecanismo como uma forma de conseguir créditos de carbono. Ou seja, usando o REDD, eles se comprometeriam a disponibilizar recursos para os países em desenvolvimento preservarem suas florestas. Porém, isso também os deixariam mais livres para não reduzirem suas próprias emissões. 


A sugestão brasileira para que isso não ocorra é que primeiro o REDD sirva para que essas nações cumpram o seu compromisso de redução das emissões. Caso esse valor seja atingido, aí sim, a redução extra feita poderia ser contabilizada como crédito de carbono para eles. O monitoramento da redução de emissões nacionais provenientes do desmatamento, assim como a distribuição de recursos financeiros do governo para as iniciativas contribuam para o corte delas, são pontos que espera-se serem mais discutidos daqui para frente. Principalmente na COP16, no México, no final desse ano.

 Fonte: Planeta sustentavel