12 de dezembro de 2010

BR262 - primeira rodovia ecológica do país

Não é muito dificil encontrar animais mortos pelas estradas brasileiras. Segundo o Ibama, 2060 deles morrem atropolelados por ano. Felizmente, isso pode deixar de acontecer em pelo menos em uma rodovia nacional: a BR-262, que corta o Mato Grosso do Sul de Leste a Oeste, por mais de 750 km. Ela será a primeira rodovia ecológica do Brasil atestada pelo Ibama.

Imagem: arquivo Correio do Estado

A Superintendência do Ibama em Mato Grosso do Sul acaba de licenciar as obras de ampliação da BR no trecho dentro do Pantanal, que vai de Anastácio até Corumbá. As obras estão em andamento e, quando prontas, tornará este trecho o mais ecologicamente correto de uma rodovia asfaltada dentro do estado de Mato Grosso do Sul, e o primeiro no país com esse tipo de exigência feita pelo Ibama.

O projeto inclui passagens subterrâneas e sinalização visual e sonorizada para alertar os motoristas em relação a redução de velocidade em áreas de maior presença de animais. Alguns trechos receberão cercas para impedir a invasão dos animais na pista. A concepção da rodovia ecológica ganha ainda mirantes (um deles no Buraco das Piranhas) para o turista contemplar a natureza. Essa será a primeira rodovia no país com conceitos avançados de sustentabilidade. Com certeza é um avanço, porque se trata de uma obra complexa. Esperamos que outros exemplos aconteçam logo. Mas é claro que isso só resolve uma parte dos problemas. Se os animais estão tendo que fugir para a beira das estradas, é porque algo de errado está acontecendo no habitat deles. As queimadas, são um exemplo. Fonte: revistapantaneira.com.br

9 de novembro de 2010

Desafios ambientais do novo presidente

A nova presidente do Brasil (ao lado dos novos governadores, deputados e senadores) possui vários desafios pela frente. Somente em relação ao meio ambiente, são muitas as decisões que deverão ser tomadas. O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) perguntou a alguns ambientalistas quais os principais desafios ambientais que o novo presidente deverá enfrentar. Veja abaixo o que eles consideram como temas chaves:

A busca de uma economia de baixas emissões é um dos grandes desafios do novo governo. Foto: Lucas Braga

Adriana Ramos (secretária executiva adjunta do Instituto Socioambiental-ISA) Conquistar de fato a transversalidade é o maior desafio ambiental do próximo governo. Os instrumentos da política ambiental são limitados para lidar com a perspectiva da sustentabilidade socioambiental, por isso é fundamental que todas as áreas de governo estejam capacitadas para incorporar a temática em suas ações e iniciativas. Enquanto não equacionar isso, o governo vai continuar a colocar pressão para flexibilizar os instrumentos da política ambiental (reduzir unidades de conservação, alterar a legislação, facilitar o licenciamento) e seguirá promovendo o desenvolvimento insustentável do País. A questão urbana, em especial o saneamento básico, é também um grande nó ambiental, talvez um dos que mais afetam a vida das pessoas.

Nilo D’Ávila (coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace) O próximo governo tem um desafio monstro que é a meta de redução de emissões. Mesmo que seja uma meta voluntária, há uma expectativa global de que seja cumprida. Nesse sentido, parece que o atual presidente e equipe ainda não entenderam a importância e a missão dos planos setoriais para o cumprimento das metas do País. Aprovado em agosto, o Programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) traz palavras-chave fortes e descreve o papel do Brasil, mas o que propõe mostra que ainda não se tem uma cultura de baixo carbono, que é muito nova. Baixo carbono parece ser o que foi a palavra sustentável há alguns anos; parece que vale qualquer coisa desde que o termo esteja lá. Outros temas importantes são o Código Florestal e a política energética. Nesse último caso, há muito desafios em relação às hidrelétricas na Amazônia, com Belo Monte, duas no Madeira, leilão no Teles Pires, além de projetos para usinas no Tapajós. Hoje, apenas três grandes rios que formam a Bacia Amazônica – Purus, Juruá e Negro – não têm projeto de barragem. Outro assunto onde há certo limbo é a legitimação da criação de unidades de conservação. Há cerca de 40 projetos para rever criação de UCs através de tapetão. No Código Florestal, conseguimos arrancar posicionamento dos candidatos à presidência, mas nas demais questões, há o risco de ter um presidente sem compromisso nenhum.

Paulo Moutinho (diretor executivo do IPAM) São vários os desafios básicos que deverão ser enfrentados na área de meio ambiente pelo próximo presidente: 1 - Como colocar o Brasil na vanguarda de uma economia de baixo carbono e ter vantagem econômica no futuro; 2 – Como conciliar as macropolíticas na área de agropecuária e conservação florestal se, por um lado, o País tem um programa de contenção do desmatamento e, ao mesmo tempo, mantém um programa de investimento em infraestrutura e avanço de pecuária que demandam desmatamento; 3 – Como criar uma inflexão na tendência de uso de energias sujas e como enfrentar o desafio do presal, no momento em que o mundo precisa reduzir o consumo de combustíveis fósseis; 4 – Como evitar que o país fique para trás do ponto de vista tecnológico, já que investe pouco em tecnologias limpas e a indústria mundial (incluindo a China) inicia um processo de avanço tecnológico para redução de poluentes e gases de efeito estufa. O risco é continuar, no futuro de baixa emissão de carbono, dependente do know how de outros países, perpetuando a dependência tecnológica.

John Carter (fazendeiro do Mato Grosso) Um grande desafio para o próximo presidente é resolver os impasses em relação ao Código Florestal. Um dos aspectos é em relação à Reserva Legal. No Brasil, há incentivos para cultura, esporte, ciência e tecnologia, mas não tem incentivos ambientais. A Reserva Legal não vem de graça. Não é justo não receber créditos de carbono através de REDD por ela. Além disso, o País precisará de uma política para lidar com questões como mudanças climáticas, enchentes, desabamentos. Vimos acontecer esses problemas em várias regiões neste ano, inclusive uma seca terrível. Em relação às unidades de conservação, todo mundo quer criar essas áreas, mas não há estrutura administrativa e financeira para a sua correta implantação. Neste ano foram revogadas várias UCs em Rondônia.

Fonte: www.ipam.org.br/revista/

19 de setembro de 2010

Sim, existem terremotos no Brasil

Terremotos como os ocorridos no Haiti e no Chile, no começo deste ano, nos assustam pela sua capacidade de destruição e morte. Porém, como mostra o cartoon de João Garcia, se engana quem pensa que eles não acontecem aqui no Brasil. Segundo o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, no século XX, foram registradas mais de uma centena deles no país. Porém, a maior parte não ultrapassou 4 graus na escala Richter*. O de maior magnitude atingiu 6,6 graus e ocorreu no Mato Grosso, em 1955. As principais regiões afetadas por terremotos são aquelas localizadas próximas às bordas das placas tectônicas, onde ocorre o encontro entre duas ou mais placas diferentes. Como o Brasil está localizado no centro da Placa Sul-Americana, os abalos não são muito comuns no país. Quando acontecem, podem ser frutos de desgastes na placa tectônica, originando falhas (pequenas rachaduras) nelas; ou consequência de terremotos com epicentro em países da América Latina. Escala Richter A escala de Richter não tem limite máximo. De forma geral, terremotos com magnitudes de 3.5 ou menos são raramente percebidos; de 3.5 a 6.0 são sentidos e causam poucos danos; entre 6.1 e 6.9, podem ser destrutivos e causar danos em um raio de cem quilômetros do epicentro; entre 7.0 e 7.9, causam danos sérios em áreas maiores; e de 8 em diante são destrutivos por um raio de centenas de quilômetros. O ocorrido em janeiro no Haiti atingiu 7,0 na escala Richter e o do Chile, em fevereiro deste ano, 8,8 graus. Fontes: comciencia.br, brasilescola.com.br e folha.uol.com.br

5 de setembro de 2010

Pedido de patentes em células-tronco no país é baixo

O STF aprovou em 2008 as pesquisas com células-tronco embrionárias no país. Embora os estudos na área tenham aumentado desde então, uma pesquisa do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) mostra que vários países depositam mais patentes em células-tronco aqui do que nós próprios.

O maior depositante são, segundo o Inpi, os Estados Unidos. Depois vem o Canadá, Itália e Japão. Ter tantos países com patentes aqui é preocupante, pois as patentes são territoriais, ou seja, ela deve ser depositada em todos os mercados em que se pretende explorar uma mercadoria.

Um outro problema é que quando um pedido de patente é feito, pedidos semelhantes são bloqueados. Dessa forma, é provável que no futuro as tecnologias desenvolvidas por grupos brasileiros, mas não patenteadas por eles, sofram restrição de uso se, eventualmente, já houverem patentes concedidas a grupos estrangeiros.

“O governo tem investido em pesquisas de células-tronco, mas será que essas pesquisas, quando chegarem a resultados que possam ser protegidos, já não estarão protegidas por outros países? Será que estamos investindo em coisas que não vão poder ser comercializadas no país por conta da proteção de patentes?”, diz Priscila Rohem, pesquisadora do Inpi.

Para acompanhar o desenvolvimento do depósito de patentes em células-tronco no Brasil, a pesquisadora disponibiliza no site do Instituto, na parte de Alertas Tecnológicos (http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/informacao/alerta-tecnologico-1.html), uma atualização a cada seis meses. Fonte: Agência Faperj

14 de agosto de 2010

Ameaça da extinção ronda os sapos, rãs e pererecas

O perigo da extinção ronda todos os seres vivos. O culpado? Adivinhem! O homem. São suas ações egoistas as grandes responsáveis pelas constantes ameaças da nossa flora e fauna. No estudo, "Os riscos de extinção de sapos, rãs e pererecas em decorrência das alterações ambientais", Vanessa Verdade, Marianna Dixo e Felipe Curcio explicam como o fantasma da extinção ameaça também esse grupo de animais.
 


A diversidade de anuros (popularmente conhecidos como sapos, rãs e pererecas) no mundo ultrapassa 5.600 espécies, e o Brasil é considerado atualmente o país que abriga a maior parte deles - 849. “Estar no topo desse ranking é motivo de orgulho para nós, mas exige muita responsabilidade. Quase 500 das espécies que vivem no país são endêmicas (exclusivas do Brasil). Isso significa que, se alguma delas for extinta, o mundo todo perde parte de sua diversidade”, explicam os autores.

 
A pesquisa mostra também que os anuros são um dos grupos de animais mais ameaçados de extinção no mundo - cerca de 30% deles correm risco de desaparecer nos próximos anos – e que desde 1980, 35 espécies já foram extintas na natureza. “Por apresentarem pele fina e permeável e, na maioria dos casos, fase larval que vive em ambiente aquático, esses animais são muito sensíveis a alterações tanto do ambiente aquático como do solo e do ar”, explicam.
 
 
Sapo Ponta-de-flecha. Esse é venenoso. Mas não é por isso que vamos deixá-lo morrer, né?
 

Um dos grandes problemas que os anuros (e todos os outros seres vivos) têm que superar é o fato de as áreas naturais estarem cada vez menores, mais alteradas e mais isoladas entre si. Com isso, muitas espécies deixam de encontrar no ambiente as condições necessárias para sobreviver. Uma espécie de perereca, por exemplo, que deposita ovos nas axilas de bromélias depende dessas para reproduzir. Se as bromélias desaparecerem, não haverá reprodução e a população deixará de existir.

Muitos anfíbios são considerados bioindicadores, pois sua pele permeável e o ciclo de vida em ambiente aquático e terrestre são características que os tornam suscetíveis a alterações no ambiente. “A sensibilidade de algumas espécies permite dizer que o ambiente não vai bem quando eles deveriam estar presentes e não estão. Mesmo em áreas em que o ambiente está aparentemente preservado, o desaparecimento de espécies de anfíbios nos diz que existe um problema. A crise é um importante alerta”, diz o estudo. O homem também bem que poderia usar sua sensibilidade para ver como seu estilo de vida está matando a natureza. 


Fonte: Agência Notisa

30 de julho de 2010

Encontrada no Brasil espécie de café sem cafeína


Um grupo de pesquisadores do Instituto Agrônomo de Campinas (IAC) descobriu uma muda de café, natural da Etiópia (África), com apenas 0,1% de cafeína. O valor corresponde a 10 vezes menos que o produto cultivado atualmente para consumo. A espécie estava há anos no Centro de Café Alcides Carvalho.

Plantação de café em Lupércio/SP. Foto:Delfim Martins/Pulsar Imagens 

Antes dessa descoberta, a equipe já havia feito testes com uma muda de café da família Arábica – com quase nenhuma concentração de cafeína – cruzando-a com o cultivar de outras famílias com teor de cafeína reduzido. Mas o resultado foi um café de gosto ruim.

Bernadete Silvarolla, engenheira agrônoma e uma das pesquisadoras do IAC explica, em entrevista à revista Inovação em pauta (n° 9), publicada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que o desafio agora é passar a mutação da planta africana para o cultivar brasileiro, de alta produtividade e já melhorado geneticamente. De acordo com ela, a planta silvestre não tem produtividade.

Plantação de café em Garça/SP. Essas árvores lindas são Ipês roxos. Foto: Delfim Martins/Pulsar Imagens 

A pesquisadora explica também que a primeira geração do cafeeiro hibrido (fruto do casamento da espécie descoberta com o cultivar comercial brasileiro) já deu frutos e mostrou que o melhoramento genético será difícil. “O gene que permite essa baixa dose de cafeína é bem recessivo, teremos que fazer diversos cruzamentos para chegarmos a uma linha inteira com a mutação. São os segredos da biologia”, diz.

Colheita de café - pintura de Manuel Costa
 
Mas isso vai demorar um pouquinho. Do plantio da semente do café aos primeiros frutos, são quatro anos. Seriam necessárias, pelo menos, mais três ou quatro gerações da planta para se obter o resultado esperado. “Podemos atingir nosso objetivo em 12 anos se conseguirmos manter as pesquisas. Caso contrário, coloque mais uns 40 anos aí. Vamos continuar correndo atrás de recursos”, afirma

Não só esta pesquisa precisa continuar, como também os investimentos em assistência técnica. Os pesquisadores se queixam de algo que todos nós já sabemos: muitas descobertas morrem nos artigos científicos e não chegam à lavoura. É preciso que o conhecimento que está nos centros de pesquisa virem informação pública e realizadae nas maões dos agricultores.

Colheita mecanizada de café. Carreta com grãos no meio do cafezal. Foto: Delfim Martins/Pulsar Imagens

Quem sabe assim também o país não passe a consumir mais café descafeinado - hoje nós só consumimos 1% ( o resto da produção nacional é exportado). O Brasil é também o responsável por 30% da produção de café no mundo, além de ser o maior exportador do produto e o segundo maior consumidor (atraz dos Estados Unidos).
Fonte: Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)

1 de julho de 2010

Estudo mostra o perigo do mercúrio nos oceanos

Até hoje, a maior parte dos esforços para controlar a contaminação da natureza por mercúrio tem sido em relação à presença do metal na atmosfera e em água doce. Porém, um estudo da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, constatou que o perigo maior é quando o mercúrio se encontra em águas salgadas. Perigo esse que envolve a saúde de nós humanos.
Em situações normais, a natureza transforma o metilmercúrio - versão potencialmente perigosa do mercúrio - em uma forma menos tóxica, por meio da ação da luz solar. "Quando o metilmercúrio é ligado à matéria orgânica dissolvida, como plantas ou animais decompostos, a luz do sol quebra a molécula, explica Heileen Hsu-Kim, um dos autores do estudo.
Mas o mesmo não ocorre quando o elemento se encontra no mar. Nessas condições, o metilmercúrio permanece fortemente ligado ao cloreto, não sendo degradado com facilidade pela luz solar. Com isso, animais marinhos podem ingerí-lo.
É ai que reside o perigo para a saúde humana: Nós somos grandes consumidores de animais marinhos. E com isso, acabamos sendo contaminados pelo mercúrio que fica armazenado nos órgãs de paixes e frutos do mar. Aliás, a tendência de armazenamento de metilmercúrio é algo natural nesses seres. A ingestão deles é o principal modo de contaminação do metal em humanos.
Foto: Fla Barbieri
O mercúrio é um metal pesado que existe naturalmente no meio ambiente. Porém, atividades humanas como a mineração, a queima de carvão e os incêndios florestais, estão contribuindo largamente para presença dele nos ecossistemas. Quando o metal se acumula em algum lugar, a ação de organismos anaeróbicos faz com que ele seja transformado quimicamente em metilmercúrio (C2H6Hg). Este é uma neurotoxina potente que, uma vez ingerida, pode provocar problemas nos rins, no sistema nervoso e até mesmo morte. A ingestão da substância é particularmente perigosa nos casos de gravidez, podendo causar problemas neurológicos na criança. Os peixes absorvem metilmercúrio alimentando-se de organismos aquáticos. Peixes maiores e com uma vida mais longa alimentam-se de outros peixes, ao longo da sua vida, acumulando assim níveis maiores de metilmercúrio até que o elemento chegue até nossos pratos. Infelismente o cozimento do peixe ou sua exposição ao calor não reduz os níveis de mercúrio.
Fontes: Agência Fapesp e peregrinacultural.wordpress.com

4 de junho de 2010

Atividades humanas ameaçam as borboletas

A intensificação das atividades agrícolas, as mudanças climáticas, os incêndios florestais e a expansão do turismo na Europa estão causando a perda de um dos insetos mais bonitos que nós temos na natureza: as borboletas. Cientistas dizem que quase um terço das 435 espécies que existem sofrem com o risco da extinção.
A Grande Azul (Arion Phengaris) desapareceu na Inglaterra em 1979, mas foi reintroduzido com sucesso em 1983. Agora ela está em perigo em toda a Europa. Foto: Emma Daniel/PA
Fora elas, centenas de besouros e libélulas também vivem com o mesmo perigo de desaparecer. Os dados são da Lista vermelha Européia (um documento que avalia o estado de conservação de mais de 6 mil espécies de animais na Europa. Assim, medidas podem ser tomadas para afastar o risco de extinção).
A Madeirense Grande Branca (Pieris wollastoni) está possivelmente extinta. Não é vista na Madeira (Portugal) há pelo menos 20 anos. Foto: Martin Wiemers/IUCNweb
É normal, quando pensamos em animais ameaçados, lembrar apenas dos grandes, como pandas e tigres. Mas, pequenos animais desempenham papéis essenciais para a natureza. As borboletas, por exemplo, fazem um trabalho extremamente importante de polarizadores do ecossistemas em que vivem*. Ao mesmo tempo em que a agricultura destrói o habitat desses insetos, o abandono de áreas ricas em flores e pastagens, principalmente nas regiões montanhosas dos Alpes e Pirinéus, ajuda também para que elas desapareçam. O motivo do abandono dessas regiões é que nelas a pecuária não é financeiramente viável.
A borboleta Violeta de Cobre (Lycaena helle) é encontrada nos Pirinéus, norte da Noruega, Bélgica e Ásia central. Mas, em muitas destas áreas, o seu habitat úmido está ameaçado. Foto: Chris van Swaay / IUCN
Muitas das espécies de borboletas em perigo vivem no sul da Europa. Lá, são o clima cada vez mais quente e verões secos combinados com a irrigação e extração de água que estão tornando o habitat difícil para que elas vivam. Já os besouros são importantes porque desempenham um papel fundamental na reciclagem de nutrientes. Eles sofrem, principalmente, porque dependem de madeira em decomposição em florestas para sobreviver.
O Besouro de Casca Lisa (cinnaberinus Cucujus), que vive sob a casca de árvores mortas na Europa Central e Oriental, está listado como vulnerável. Foto: Nicolas Gouix e Brustel Herve/ IUCN
Quanto as libélulas, elas desempenham um papel muito importante no controle de pragas em plantações. A Lista mostra que um quarto das 137 espécies de libélula avaliados, incluindo 18 espécies não encontradas em nenhum outro lugar do mundo, foram consideradas em risco de extinção ou "quase ameaçados".
A libélula Vermelho Grande (Pyrrhosoma nymphula) vive na Inglaterra e tem uma preferência por pequenas piscinas ácidas. Foto: Jean-Pierre Boudot / IUCN
*A importância da polinização: A polinização é o transporte dos grãos de pólen (gametas masculinos) de uma flor para o estigma (parte feminina) de outra flor, resultando em frutos de melhor qualidade e com maior número de sementes. Dessa forma, é fácil deduzir a importância de seu impacto na conservação biodiversidade de áreas naturais. Várias espécies vegetais dependem da polinização para produzir os seus frutos. Fontes: guardian.co.uk e conservation.org.br

21 de maio de 2010

Proteger as baleias ajuda no combate ao efeito estufa

Quando a caça às baleias deixar de existir, não estaremos apenas respeitando o direito de vida desses animais, mas também ajudando a manter viva a nossa própria espécie. Isso é o que mostra um estudo da Universidade de Maine (EUA). De acordo com os cientístas, em um período de 100 anos, 100 milhões de toneladas de gás carbônico foram liberados para atmosfera em virtude da matanças aos cetáceos.
 

Todas os animais, inclusive nós homens, armazenamos carbono em nossos corpos. O problema - ou esse nem seria o problema - é que as baleias são seres enormes. Então, quando morrem, todo o gás que estava armazenado nesse corpo enorme vai para a atmosfera. Claro que isso não aconteceria se elas morressem de causas naturais. Porque aí, seus corpos iriam afundar e todo o gás que trazem iria junto para fundo do oceano. Do mesmo jeito que lutamos para que não se derrubem árvores, deveríamos lutar para que não matassem as baleias.


De acordo com os pesquisadores, esses 100 milhões de toneladas de gás carbônico que elas liberaram em um século, corresponde à queima de 130 mil quilômetros quadrados de florestas temperadas. Essa quantidade pode ser pequena em comparação aos bilhões de toneladas de CO2 que as atividades humanas liberam. Mas evitá-las não envolve apenas lutar contra o efeito estufa. Significa respeitar o direito que uma espécie tem de viver. 

Os cientistas da Universidade sugerem que seja aplicado a baleias - do mesmo modo que já existe com as florestas - um sistema de créditos de carbono. Isso funcionaria como um incentivo para reduzir a pesca ou promover a conservação de algumas espécies - não só de cetáceos, mas de outros animais marinhos como tubarões brancos e atum.

Fonte: G1.com

10 de maio de 2010

Caça às baleias: a legalização da crueldade

Países como o Japão são responsáveis pela morte de milhares de baleias por ano. A caça a esses animais, embora seja proibida internacionalmente desde 1989, movimenta um grande negócio. No Japão, a atividade é realizada sobre o pretexto de estudo científico. Mas, como o excedente da carne é vendido para consumo, não é difícil suspeitar que o programa funcione como uma “maquiagem” para a pesca comercial. A Noruega e a Islândia também desafiam a proibição sob outras exceções. Juntas, elas capturam anualmente 3 mil baleias. A atividade do modo como é feita não poderia ser mais cruel (veja a foto abaixo). E agora tivemos que assistir a legalização dessa crueldade, pois uma decisão da Comissão Internacional da Baleia (CIB) autorizou que esses três países matem livremente pelos próximos dez anos os animais.
Trabalhadores cortam baleia em navio japonês. Foto de John Cunningham/Rex Features/The Guardian
A CIB argumenta que com o acordo os países terão que cumprir uma quota de captura. E que a permissão da atividade sob limites bem definidos ajudaria a melhorar o modelo atual de pesca, sobre o qual não há nenhum controle. O Japão, por exemplo, que captura anualmente 320 baleias das espécies Sei e Mike, passaria a capturar 210.
A carne de baleia no dia-a-dia Made in Japan A carne de baleia está nos supermercados, Made in Japan … é servida como hot-dog, Made in Japan … vendida em fatias de sashimis Made in Japan … recheia suculentos hambúrgueres Made in Japan … e acompanha bentôs
Essa proposta louca será debatida em uma reunião geral da Comissão, em junho, no Marrocos. Até lá, eu não acho que capturar 210 invés de 320, ou 500 invés de 1000, faça alguma diferença. O ato cruel continua existindo e o risco de extinção dos animais também. O que podemos comemorar por enquanto é o fato de a pressão internacional em condenar a matança dos cetáceos está fazendo com que os japoneses parem de comer esse tipo de carne. Os jovens são os que mais deixaram de come-lá nos últimos anos. Fontes: Estadao; blogdasciam; wspabrasil; Guardian

26 de abril de 2010

O uso do REDD no combate ao desmatamento

No post "Fórum Internacional de Sustentabilidade cria 'Carta do Amazonas'" falei brevemente sobre os mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD). Considerando o crescente interesse por esse tema e consciente de que as florestas prestam uma série de serviços ambientais, como a preservação dos recursos hídricos, a regulação do nível de chuvas, o controle de doenças tropicais, a renovação de nutrientes e a preservação da biodiversidade - quase 90% das espécies terrestres do planeta vivem nesses ecossistemas - , vou retomar o assunto. É importante lembrar também que as florestas são fontes de alimentos e de medicamentos, além de servir de moradia e trabalho para mais de um bilhão de pessoas no mundo.
 


Um estudo da consultoria McKinsey, apresentado no evento “O Brasil em um mundo de baixo carbono”, no ano passado, mostrou que o setor de florestas é responsável por aproximadamente 55% da quantidade de carbono lançada na atmosfera atualmente. Se mantidos esses mesmos níveis de desflorestamento, se responsável, em 2030, por 43% das emissões desse gás.

 
Ao mesmo tempo, o estudo diz que seu potencial de abatimento de emissões é de 70%. Para se ter uma ideia, se o setor florestal fosse desconsiderado, o Brasil deixaria de contribuir com 5% das emissões globais e emitiria o equivalente a 2%
 

Isso mostra a importância da utilização do REDD como forma de salvar nosso planeta do aquecimento. Felizmente ações de combate ao desmatamento, tanto na esfera governamental (federal e estadual) quanto na escala de projetos demonstrativos estão sendo pensadas em varios países - com a COP-5, a discussão sobre REDD saiu fortalecida e deixou evidente a importância desses mecanismos no combate ao efeito estufa. Entretanto, como essas ações serão trabalhadas para trazer benefícios ambientais (sem deixar de respeitar as comunidades locais) é algo incerto. “As medidas adotadas são técnicas, mas têm de estar compactuadas com os atores locais e é nesse sentido que esses critérios vão permitir o avanço. Eles enunciam alguns princípios importantes, principalmente a governança e todo mundo que trabalha com floresta sabe que o fundamental para ter eficiência e sucesso na promoção é um bom mecanismo de governança”, explica Thaís Juvenal, diretora do Serviço Florestal Brasileiro para o Clima.
 

Créditos de carbono Países industrializados estão interessados em implantar o REDD em suas economias. Não só porque para eles é mais complexo diminuir emissões, pois precisam mudar a matriz energética, mas também porque vêem o mecanismo como uma forma de conseguir créditos de carbono. Ou seja, usando o REDD, eles se comprometeriam a disponibilizar recursos para os países em desenvolvimento preservarem suas florestas. Porém, isso também os deixariam mais livres para não reduzirem suas próprias emissões. 


A sugestão brasileira para que isso não ocorra é que primeiro o REDD sirva para que essas nações cumpram o seu compromisso de redução das emissões. Caso esse valor seja atingido, aí sim, a redução extra feita poderia ser contabilizada como crédito de carbono para eles. O monitoramento da redução de emissões nacionais provenientes do desmatamento, assim como a distribuição de recursos financeiros do governo para as iniciativas contribuam para o corte delas, são pontos que espera-se serem mais discutidos daqui para frente. Principalmente na COP16, no México, no final desse ano.

 Fonte: Planeta sustentavel

12 de abril de 2010

Etanol pode ser usado como combustível de foguetes

O Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) lidera há 15 anos um programa de propulsão líquida para foguetes espaciais que tem como base o etanol. O objetivo é movimentar futuros foguetes com um combustível líquido que seja mais seguro do que o propelente à base de hidrazina empregado atualmente. Esse último, cuja utilização é dominada pelo país, é corrosivo e tóxico. “Os propelentes líquidos usados atualmente no Brasil estão restritos à aplicação no controle de altitude de satélites e à injeção orbital. Eles têm como base a hidrazina e o tetróxido de nitrogênio, ambos importados, caros e tóxicos”, explica o engenheiro e professor da Faculdade de Tecnologia da Informação, José Miraglia.

Monumento foguete Vostok em Kalunga (Rússia). Foto de Blogpaedia (Flickr)

Na primeira fase do projeto, denominado “Desenvolvimento de propulsor catalítico propelente utilizando pré-misturados”, foram testados motores e foguetes de propulsão líquida com impulso de 10 newtons (N), com o objetivo de avaliar propelentes líquidos pré-misturados à base de peróxido de hidrogênio combinado com etanol ou querosene.

“Os testes mostraram que o projeto é viável tecnicamente. Os propulsores movidos com uma mistura de peróxido de hidrogênio e etanol, ambos produzidos em larga escala no Brasil e a baixo custo, apresentaram o melhor rendimento”, disse Miraglia.

Ele ainda explica que a mistura apresenta algumas vantagens em relação à hidrazina ou ao tetróxido de nitrogênio, usados atualmente. “Ela é muito versátil, podendo ser utilizada como monopropelente e como oxidante em sistemas bipropelentes e pré-misturados. O peróxido de hidrogênio misturado com etanol apresenta densidade maior do que a maioria dos propelentes líquidos, necessitando de menor volume de reservatório e, consequentemente, de menor massa de satélite ou do veículo lançador, além de ser compatível com materiais como alumínio e aço inox”.

Nos arredores do Centro Espacial Marshall da NASA há vários monumentos públicos que reúnem os principais símbolos espaciais americano, que incluem um foguete Apollo original e o Ônibus Espacial montado no seu foguete propulsor. Foto de Blogpaedia (Flickr)

Na segunda fase, o grupo pretende construir dois motores para foguetes de maior porte, com 100 N e 1000 N. Eles querem também enviar ao espaço um satélite para o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas e especialidades, como biologia, biotecnologia, medicina, materiais, combustão e fármacos. Para isso, uma parceira com o IAE no projeto Sara (Satélite de Reentrada Atmosférica) está em negociação.

O grupo pretende ainda produzir motores para foguetes de sondagem que tenham baixo custo. Miraglia explica que isso ajudaria universidades em estudos em microgravidade e pesquisas atmosféricas, por exemplo.

Em trabalhos de biotecnologia em microgravidade, por exemplo, pesquisas com enzimas são fundamentais para elucidar processos ligados a reações, fenômenos de transporte de massa e calor e estabilidade das enzimas. Tais processos são muito utilizados nas indústrias de alimentos, farmacêutica e química fina, entre outras.
“Queremos atingir alguns nichos, ou seja, desenvolver um foguete movido a propelente líquido que se possa ajustar à altitude e ser reutilizável. Esse é outro ponto importante, porque normalmente um foguete, depois de lançado, é descartado”, contou o engenheiro.

No site www.foguete.org, o grupo oferece kits de minifoguetes, apostilas técnicas e livros digitais sobre foguetes com informações sobre astronáutica, exploração espacial e aerodinâmica.

29 de março de 2010

Fórum Internacional de Sustentabilidade cria “Carta do Amazonas”.

Durante os dias 26 e 27 de março a cidade de Manaus (Amazonas) foi sede do Fórum Internacional de Sustentabilidade. O encontro teve como objetivo difundir práticas e mecanismos bem-sucedidos de desenvolvimento sustentável na Amazônia, assim como demonstrar o valor econômico e ambiental da floresta em pé e suas implicações para a região e o mundo. Estiveram presentes empresários, executivos, políticos, cientistas, índios, entre outras pessoas.
 
Plateia do Fórum de Sustentabilidade conta com líderes empresariais e representantes da sociedade. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
Os organizadores do encontro queriam também criar um documento que apresentasse o compromisso político e empresarial com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Esse documento foi criado e se chama “Carta do Amazonas”.

"Hoje, a floresta Amazônica está sob ameaça de atividades predatórias que visam o lucro imediato, sem preocupação com o impacto que causam. Declaramos tal situação ser insustentável e intolerável, e nos comprometemos como cidadãos, líderes, homens e mulheres conscientes, a defender a integridade dos ecossistemas amazônicos", diz a Carta.
Antes de chegar a esse resultado final, porém, muitos assuntos foram debatidos.

Um exemplo foi a Redução das Emissões geradas com o Desmatamento e a Degradação florestal (REDD)* e outros mecanismos de valorização econômica das florestas tropicais. “O REDD não é uma panaceia que vai resolver todos os problemas, mas é a melhor oportunidade de nossas vidas para salvar a Amazônia, salvar o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável", disse Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazonas Sustentável (Fas).
Vista aérea do Rio Solimões. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
 
Os empresários marcaram presença fazendo uma série de questionamentos. O presidente da empresa de plásticos Tetra Pak, Paulo Nigro, perguntou se há modelos na Amazônia que podem servir de exemplo como investimentos ambientais. O escritor e jornalista americano Mark London citou o projeto Juma, mantido pela Fas, ligada ao governo do Estado do Amazonas. A resposta foi reforçada pelo governador do Estado, Eduardo Braga, como sendo uma experiência única de compensação econômica para comunitários que mantém a floresta intacta.

Outra questão coletiva pelos espectadores, entre eles o representante da Yamaha, foi se a produtividade da floresta tem poder para manter, ao mesmo tempo, investimentos e garantir a qualidade de vida das pessoas que vivem nela.

Em resposta, Braga citou o crescimento da valorização de alguns produtos regionais, fruto, segundo ele, da política de desenvolvimento econômico. A borracha, por exemplo, passou de 80 toneladas produzidas por ano para o patamar de 1 mil toneladas/ano. O processo resultou na vinda de uma empresa de pneus que vai comprar a borracha retirada das plantações naturais que já existem, em grande maioria, ao longo do rio Madeira.

O ex-vice-presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz, Al Gore, esteve também no evento e falou durante sua palestra sobre a criação de um fundo mundial internacional, que poderia bancar as ações voltadas para a preservação da Amazônia. Segundo ele, “No acordo político alcançado em Copenhague, isso não é mais controvertido. É um elemento chave do acordo ao qual o mundo está se dirigindo. E nos EUA, existem muitos lobistas que tentam influenciar positivamente essa questão, assim como existem grupos que fazem o mesmo em outras nações. Esse fundo seria uma solução central para este problema".

João Dória Jr., organizador do evento. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
 

O coordenador do encontro, o empresário João Dória Jr., encerrou o Fórum dizendo: “Agora, é colocar em prática o que as empresas, as ONGs, a imprensa e os formadores de opinião se comprometeram a fazer aqui. Há uma consciência coletiva que empurra positivamente uma agenda de tarefas construtivas para coibir, criticar e denunciar aquelas ações que visam à destruição da floresta".

*O que é o REDD?
É um mecanismo de compensação financeira para os países em desenvolvimento ou para comunidades desses países, pela preservação de suas florestas. O REDD é visto como uma forma fundamental de redução da quantidade de CO2 lançada na atmosfera por conta do desmatamento em todo o mundo, causadora do aquecimento global. Nos últimos anos, o REDD se tornou ponto central das negociações de um novo acordo sobre o clima.

Para alguns especialistas o REDD representa a maior oportunidade isolada de redução imediata, e de maior custo efetivo, da emissão de GHG. Eles argumentam que outras opções mais tecnológicas, como a captura e armazenamento de carbono, são muito mais caras e poderiam levar muitos anos para serem implementadas em larga escala.

Fontes: verde.br.msn.com; terra.com; forumdesustentabilidade.com

22 de março de 2010

Estimativas apontam que em 2030 teremos mais de dois milhões de carros em circulação no mundo

Gestores de vários países se reuniram entre 10 e 13 de março na "Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI 2010), em Curitiba (Paraná), para discutir a criação de sistemas de transporte sustentáveis. No encontro, um grande dilema surgiu: devemos planejar nossas cidades para veículos ou para seres humanos? Segundo previsões otimistas, em 2030 teremos mais de dois bilhões de carros circulando em todo o mundo.
Engarrafamento na China
Segundo o presidente do Centro de Transporte Sustentável (CTS-Brasil), Luis Antonio Lindau, o caminho para sairmos dessa enrascada passa por três etapas: desestimular o uso do automóvel, melhorar o transporte coletivo e incentivar o transporte não motorizado. Ele deu o exemplo de Estocolmo (Suiça), onde a maioria das pessoas concorda com o pedágio cobrado: Segundo pesquisa, 67% das pessoas aprovavam a nova política. O modelo de Curitiba de transporte coletivo em corredores exclusivos, chamado de BRT (sigla para Bus Rapid Transport), é outra medida que Luis aconselha para se alcançar eficiência na mobilidade urbana. Curitiba foi pioneira no uso desse sistema, e hoje mais de 80 cidades no mundo já o utilizam. “É a forma de transporte coletivo que nos oferece o melhor custo-benefício. O metrô, sem dúvida, é também uma boa alternativa, mas o custo de sua implantação nos faz pensar duas vezes antes de optar por ele", disse. Mas, infelizmente, Curitiba ainda sofre com o trânsito. Atualmente a cidade tem 2 milhões de habitantes, e uma frota de quase 1,2 milhão de carros. É a metrópole mais motorizada do Brasil.
Ônibus expresso em Curitiba: Atualmente são 81 km de canaletas exclusivas para operação desses ônibus.
“Essa é uma prova de que só engenharia não resolve o problema; é preciso também boa gestão pública“, disse Lindau. O espaço urbano é finito, e a construção de viadutos e perimetrais tem limite físico. Diante disso, afirmou o engenheiro, os municípios precisam repensar suas políticas de transporte urbano ou vão chegar a um ‘apagão’. A cidade de Lyon, na França, possui uma outra medida neste aspecto: O uso de bicicletas. O governo implantou um sistema de empréstimo do veículo por toda a cidade. Hoje, mais de 50 mil pessoas aderem à ideia. “Em vez de ampliar a infraestrutura para o transporte individual, nossos gestores têm que diminuí-la”. Essa é a aposto do economista Adalberto Maluf, membro da Fundação Clinton. O exemplo que ele deu foi de Nova York e Genebra. Por lá, há tempos não se constroem novas ruas. Pelo contrário, as que antes eram exclusivas para veículos estão sendo reestruturadas para dar mais espaço ao pedestre. “Não só espaço para mobilidade, mas, sobretudo, espaço para convivência”, disse. Mas, para ele, isso só resolve parte do problema, pois continuamos investindo em tecnologias do passado (como as empregadas na produção de petróleo) e insistimos em ideias ultrapassadas (como o transporte individual). Maluf acredita que é preciso dar chance a novas alternativas de transporte e investir com urgência em novas matrizes energéticas. Fonto: cienciahoje.uol

1 de março de 2010

Concessões de petróleo e gás natural interferem biodiversidade da Amazônia peruana

Universidade da Espanha aponta os perigos da concessão de áreas da Amazônia peruana para a exploração de petróleo e gás natural. Segundo o estudo da Universidade Autônoma de Barcelona, as atividades prejudicam seriamente a biodiversidade da região.

Os autores da pesquisa, Martí Orta e Matt Finer, concluíram que atualmente 41% da Amazônia peruana está loteada em 52 concessões. A maior porcentagem da história para este tipo de atividades.

Abaixo, mapa do governo peruano mostra concessões para exploração de petróleo no país: região amazônica está quase totalmente repartida.

O levantamento mostra também que a maioria das concessões foi feita em áreas sensíveis do ponto de vista ambiental ou da questão indígena. Um quinto das reservas ambientais e mais de metade das terras indígenas na Amazônia peruana têm concessões em seus domínios. E 60% das terras para as quais o Peru propõem criar reservas para índios isolados (que não têm contato com o “homem branco”) estão dentro de áreas de concessão.

Projetos como o Yasuní-ITT, no qual o Equador tenta levantar fundos internacionais para evitar a exploração do subsolo de uma área de floresta com altíssima biodiversidade, são exemplos que deveriam ser seguidos pelo país, aconselham os pesquisadores. Para eles, é necessário aumentar o debate no sobre a necessidade de preservação de sua porção da Amazônia.