23 de maio de 2012

Agricultura e educação

A agricultura faz parte da história do Brasil desde o seu início. Não importa o momento histórico, nós sempre contamos com esta atividade como importante pilar da nossa economia. Culturas como a do açúcar, do café e da laranja, são alguns exemplos.


Mas para que a agricultura possa cumprir sua missão, é preciso profissionais bem preparados. O desenvolvimento da agricultura e suas cadeias agroindustriais, cada vez mais complexas e baseadas em tecnologias, requerem um grande número de pessoas qualificadas, para atuar tanto no campo, como na pesquisa. Por exemplo, as atividades exercidas por trabalhadores rurais - que antes eram exercidas por pessoal tipicamente não especializado - hoje em muitos casos exigem treinamento e formação específica.

Isso porque tais atividades incluem o uso e manutenção de maquinário sofisticado – uma colheitadeira das mais modernas pode custar até 500 mil reais – e, assim, é preciso pessoas qualificadas para operá-lo. A migração da colheita de cana-de-açúcar manual para a mecanizada, com suporte para recolocação profissional dos cortadores, é um bom exemplo.

Os funcionários das fazendas ou prestadores de serviço precisam gerenciar compra de insumos e venda do produto, manejar os recursos naturais (água, solo, vegetação nativa), assegurar infraestrutura e condições de trabalho seguindo as exigências do Ministério do Trabalho, mapear a propriedade de forma georreferenciada, executar processos de seleção e qualidade pós-colheita. A lista das capacidades que o novo mercado agro exige é realmente enorme e depende muito do tipo de produto cultivado e da escala da produção.

As cadeias agroindustriais também estão mais sofisticadas e por isso exigentes de profissionais altamente capacitados. Isso inclui as diversas indústrias produtoras de insumos, os processadores e transportadores, e toda uma gama de serviços – bancos, seguradoras, corretoras, tecnologia da informação, comunicação e marketing. Trabalham no setor agro, então, engenheiros dos mais diversos tipos, administradores, economistas, biólogos, geógrafos, gestores ambientais e jornalistas.

O perfil do moderno agricultor brasileiro é muito diferente do que a população urbana imagina. E tudo indica que cada vez mais teremos agricultores capacitados e com características empreendedoras. A idade média do agricultor no Brasil é 42 anos, enquanto nos Estados Unidos são 60 e na Europa 70 anos. Diferentemente de várias partes do mundo, a agricultura brasileira atrai os jovens, dado o dinamismo do setor e as incríveis oportunidades e perspectivas que se apresentam para esse setor.

Entretanto, não falta também espaço para mão de obra não qualificada, que, infelizmente, o país tem de sobra, como trabalhadores rurais. São homens e mulheres que trabalham em atividades de plantio, colheita e tratos culturais no campo, que podem requerer mais ou menos especialização.

Educação:

Apesar da crescente qualificação da mão de obra agrícola, ainda há muito por fazer, dado que persiste uma diferença significativa de nível educacional entre trabalhadores rurais e não rurais, e entre a população rural e a urbana em geral. A boa noticia é que o crescimento dos anos de estudo tem sido mais acentuado nos trabalhadores rurais (e também entre os outros tipos de trabalhadores nas empresas agro) do que nos demais setores. Além do crescimento da educação básica, o ensino superior também tem avançado consideravelmente na agricultura.

São diversas as formações superiores disponíveis para capacitar jovens a entrar no mercado de trabalho agro. Além do tradicional curso de agronomia, existem muitos outros cursos superiores desenhados para atender esse mercado, como administração rural e de agroindústria, diversos cursos de processamento de alimentos (como ciência de laticínios e tecnologia em açúcar e álcool), zootecnia, e engenharia de pesca. Em 2001, eram 363 cursos diretamente ligados ao agro e em 2009, esse numero chegou a 962. Foram quase 600 novos cursos, o que representa aumento de 265%, acompanhando a tendência de forte crescimento do ensino superior no país na última década.

Em termos de número de estudantes matriculados, mais de 150 mil pessoas estão buscando formação na área agrícola, o que representa 3% do total de matrículas do Brasil. Em 2009, pouco mais de 22 mil alunos concluíram o ensino superior em áreas agro e foram prontamente absorvidos pelo mercado. O aumento nas matrículas e cursos agro é maior no Centro Oeste e Nordeste, dado a relativa falta de universidades e faculdades somado ao fato de serem áreas de fronteira agrícola.

Wedis Martins 

Fonte: http://www.redeagro.org.br/
Foto: Mataparda (Flickr)