4 de junho de 2010

Atividades humanas ameaçam as borboletas

A intensificação das atividades agrícolas, as mudanças climáticas, os incêndios florestais e a expansão do turismo na Europa estão causando a perda de um dos insetos mais bonitos que nós temos na natureza: as borboletas. Cientistas dizem que quase um terço das 435 espécies que existem sofrem com o risco da extinção.
A Grande Azul (Arion Phengaris) desapareceu na Inglaterra em 1979, mas foi reintroduzido com sucesso em 1983. Agora ela está em perigo em toda a Europa. Foto: Emma Daniel/PA
Fora elas, centenas de besouros e libélulas também vivem com o mesmo perigo de desaparecer. Os dados são da Lista vermelha Européia (um documento que avalia o estado de conservação de mais de 6 mil espécies de animais na Europa. Assim, medidas podem ser tomadas para afastar o risco de extinção).
A Madeirense Grande Branca (Pieris wollastoni) está possivelmente extinta. Não é vista na Madeira (Portugal) há pelo menos 20 anos. Foto: Martin Wiemers/IUCNweb
É normal, quando pensamos em animais ameaçados, lembrar apenas dos grandes, como pandas e tigres. Mas, pequenos animais desempenham papéis essenciais para a natureza. As borboletas, por exemplo, fazem um trabalho extremamente importante de polarizadores do ecossistemas em que vivem*. Ao mesmo tempo em que a agricultura destrói o habitat desses insetos, o abandono de áreas ricas em flores e pastagens, principalmente nas regiões montanhosas dos Alpes e Pirinéus, ajuda também para que elas desapareçam. O motivo do abandono dessas regiões é que nelas a pecuária não é financeiramente viável.
A borboleta Violeta de Cobre (Lycaena helle) é encontrada nos Pirinéus, norte da Noruega, Bélgica e Ásia central. Mas, em muitas destas áreas, o seu habitat úmido está ameaçado. Foto: Chris van Swaay / IUCN
Muitas das espécies de borboletas em perigo vivem no sul da Europa. Lá, são o clima cada vez mais quente e verões secos combinados com a irrigação e extração de água que estão tornando o habitat difícil para que elas vivam. Já os besouros são importantes porque desempenham um papel fundamental na reciclagem de nutrientes. Eles sofrem, principalmente, porque dependem de madeira em decomposição em florestas para sobreviver.
O Besouro de Casca Lisa (cinnaberinus Cucujus), que vive sob a casca de árvores mortas na Europa Central e Oriental, está listado como vulnerável. Foto: Nicolas Gouix e Brustel Herve/ IUCN
Quanto as libélulas, elas desempenham um papel muito importante no controle de pragas em plantações. A Lista mostra que um quarto das 137 espécies de libélula avaliados, incluindo 18 espécies não encontradas em nenhum outro lugar do mundo, foram consideradas em risco de extinção ou "quase ameaçados".
A libélula Vermelho Grande (Pyrrhosoma nymphula) vive na Inglaterra e tem uma preferência por pequenas piscinas ácidas. Foto: Jean-Pierre Boudot / IUCN
*A importância da polinização: A polinização é o transporte dos grãos de pólen (gametas masculinos) de uma flor para o estigma (parte feminina) de outra flor, resultando em frutos de melhor qualidade e com maior número de sementes. Dessa forma, é fácil deduzir a importância de seu impacto na conservação biodiversidade de áreas naturais. Várias espécies vegetais dependem da polinização para produzir os seus frutos. Fontes: guardian.co.uk e conservation.org.br