4 de janeiro de 2010

Plantas ornamentais podem ser usadas no tratamento de esgoto

Comunidades rurais que não contam com sistemas convencionais de coleta e tratamento de esgoto, ou que possuam sistema de saneamento que o trate de maneira secundária, podem utilizar uma nova tecnologia. Trata-se de um sistema natural para tratamento complementar de esgoto doméstico que utiliza plantas ornamentais, sobre leito de bambu e brita. A tecnologia, denominada wetland-construído, foi desenvolvido na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), da Unicamp, e oferece ainda baixo custo de operação.
Copo de leite (nome científico: Zantedeschia aethiopica Spreng). É uma das plantas utilizadas no processo. É de origem africana.
A utilização de bambu como meio-suporte é ideal para ser aplicado em áreas rurais, visto que o bambu é facilmente encontrado em qualquer parte do país. Tanto o ele como as pedras atuam como filtro e meio-suporte para microorganismos que proporcionam o tratamento. O sistema, ao ser testado na Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), foi responsável por 30% da eficiência do sistema de tratamento na remoção de matéria orgânica e consiste em uma alternativa prática do ponto de vista operacional. Não há necessidade de uso de produtos químicos ou eletricidade e, por isso, o sistema torna-se ideal para pequenas propriedades, como sítios e fazendas.
Mini-papiro (nome científico: Cyperus papyrus `Nanus). É uma planta aquática de origem africana, também utilizada no processo.
“No Brasil, não havia relato da introdução de plantas ornamentais nesse sistema, embora a utilização desse tipo de tratamento seja crescente. Em outros países, essa configuração de tratamento é largamente usada, sendo encontrada até mesmo para o tratamento de esgoto industrial”, explica o engenheiro Edson Aparecido Abdul Nour. De acordo o engenheiro civil Luciano Zanella, autor da proposta, a idéia surgiu a partir de um problema no Vale do Ribeira em que se exigia o tratamento do esgoto em fazenda de plantação de bananas. “Em uma investigação dos sistemas existentes, resolvi testar algo já conhecido, adaptando para o tratamento com plantas ornamentais e utilização de bambu”, explica. Segundo Zanella, este tipo de sistema é recomendável como um tratamento complementar ao esgoto doméstico já tratado numa primeira etapa em que a remoção dos resíduos mais pesados foi feita. Na proposta do engenheiro, o resultado do tratamento complementar do esgoto poderia ser lançado em rios e lagos.
Beri-silvestre ou bananeirinha (nome cientifíco: Canna patens). também é usada no wetland-construído. É uma planta brasileira
“O sistema melhora muito a aparência, reduziu quase que completamente os sólidos e, razoavelmente, a matéria orgânica. Porém, não posso afirmar se poderia ser utilizado para irrigação, por exemplo, uma vez que não fiz testes para esta finalidade”, explica. Outra possibilidade, exemplifica, seria o reúso em vasos sanitários, tema de bastante importância no meio científico e tecnológico nos últimos anos, mas para o qual o esgoto ainda necessitaria de uma desinfecção. Fonte: rts.org