22 de março de 2010

Estimativas apontam que em 2030 teremos mais de dois milhões de carros em circulação no mundo

Gestores de vários países se reuniram entre 10 e 13 de março na "Conferência Internacional de Cidades Inovadoras (CICI 2010), em Curitiba (Paraná), para discutir a criação de sistemas de transporte sustentáveis. No encontro, um grande dilema surgiu: devemos planejar nossas cidades para veículos ou para seres humanos? Segundo previsões otimistas, em 2030 teremos mais de dois bilhões de carros circulando em todo o mundo.
Engarrafamento na China
Segundo o presidente do Centro de Transporte Sustentável (CTS-Brasil), Luis Antonio Lindau, o caminho para sairmos dessa enrascada passa por três etapas: desestimular o uso do automóvel, melhorar o transporte coletivo e incentivar o transporte não motorizado. Ele deu o exemplo de Estocolmo (Suiça), onde a maioria das pessoas concorda com o pedágio cobrado: Segundo pesquisa, 67% das pessoas aprovavam a nova política. O modelo de Curitiba de transporte coletivo em corredores exclusivos, chamado de BRT (sigla para Bus Rapid Transport), é outra medida que Luis aconselha para se alcançar eficiência na mobilidade urbana. Curitiba foi pioneira no uso desse sistema, e hoje mais de 80 cidades no mundo já o utilizam. “É a forma de transporte coletivo que nos oferece o melhor custo-benefício. O metrô, sem dúvida, é também uma boa alternativa, mas o custo de sua implantação nos faz pensar duas vezes antes de optar por ele", disse. Mas, infelizmente, Curitiba ainda sofre com o trânsito. Atualmente a cidade tem 2 milhões de habitantes, e uma frota de quase 1,2 milhão de carros. É a metrópole mais motorizada do Brasil.
Ônibus expresso em Curitiba: Atualmente são 81 km de canaletas exclusivas para operação desses ônibus.
“Essa é uma prova de que só engenharia não resolve o problema; é preciso também boa gestão pública“, disse Lindau. O espaço urbano é finito, e a construção de viadutos e perimetrais tem limite físico. Diante disso, afirmou o engenheiro, os municípios precisam repensar suas políticas de transporte urbano ou vão chegar a um ‘apagão’. A cidade de Lyon, na França, possui uma outra medida neste aspecto: O uso de bicicletas. O governo implantou um sistema de empréstimo do veículo por toda a cidade. Hoje, mais de 50 mil pessoas aderem à ideia. “Em vez de ampliar a infraestrutura para o transporte individual, nossos gestores têm que diminuí-la”. Essa é a aposto do economista Adalberto Maluf, membro da Fundação Clinton. O exemplo que ele deu foi de Nova York e Genebra. Por lá, há tempos não se constroem novas ruas. Pelo contrário, as que antes eram exclusivas para veículos estão sendo reestruturadas para dar mais espaço ao pedestre. “Não só espaço para mobilidade, mas, sobretudo, espaço para convivência”, disse. Mas, para ele, isso só resolve parte do problema, pois continuamos investindo em tecnologias do passado (como as empregadas na produção de petróleo) e insistimos em ideias ultrapassadas (como o transporte individual). Maluf acredita que é preciso dar chance a novas alternativas de transporte e investir com urgência em novas matrizes energéticas. Fonto: cienciahoje.uol