29 de março de 2010

Fórum Internacional de Sustentabilidade cria “Carta do Amazonas”.

Durante os dias 26 e 27 de março a cidade de Manaus (Amazonas) foi sede do Fórum Internacional de Sustentabilidade. O encontro teve como objetivo difundir práticas e mecanismos bem-sucedidos de desenvolvimento sustentável na Amazônia, assim como demonstrar o valor econômico e ambiental da floresta em pé e suas implicações para a região e o mundo. Estiveram presentes empresários, executivos, políticos, cientistas, índios, entre outras pessoas.
 
Plateia do Fórum de Sustentabilidade conta com líderes empresariais e representantes da sociedade. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
Os organizadores do encontro queriam também criar um documento que apresentasse o compromisso político e empresarial com o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Esse documento foi criado e se chama “Carta do Amazonas”.

"Hoje, a floresta Amazônica está sob ameaça de atividades predatórias que visam o lucro imediato, sem preocupação com o impacto que causam. Declaramos tal situação ser insustentável e intolerável, e nos comprometemos como cidadãos, líderes, homens e mulheres conscientes, a defender a integridade dos ecossistemas amazônicos", diz a Carta.
Antes de chegar a esse resultado final, porém, muitos assuntos foram debatidos.

Um exemplo foi a Redução das Emissões geradas com o Desmatamento e a Degradação florestal (REDD)* e outros mecanismos de valorização econômica das florestas tropicais. “O REDD não é uma panaceia que vai resolver todos os problemas, mas é a melhor oportunidade de nossas vidas para salvar a Amazônia, salvar o meio ambiente e promover o desenvolvimento sustentável", disse Virgílio Viana, superintendente da Fundação Amazonas Sustentável (Fas).
Vista aérea do Rio Solimões. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
 
Os empresários marcaram presença fazendo uma série de questionamentos. O presidente da empresa de plásticos Tetra Pak, Paulo Nigro, perguntou se há modelos na Amazônia que podem servir de exemplo como investimentos ambientais. O escritor e jornalista americano Mark London citou o projeto Juma, mantido pela Fas, ligada ao governo do Estado do Amazonas. A resposta foi reforçada pelo governador do Estado, Eduardo Braga, como sendo uma experiência única de compensação econômica para comunitários que mantém a floresta intacta.

Outra questão coletiva pelos espectadores, entre eles o representante da Yamaha, foi se a produtividade da floresta tem poder para manter, ao mesmo tempo, investimentos e garantir a qualidade de vida das pessoas que vivem nela.

Em resposta, Braga citou o crescimento da valorização de alguns produtos regionais, fruto, segundo ele, da política de desenvolvimento econômico. A borracha, por exemplo, passou de 80 toneladas produzidas por ano para o patamar de 1 mil toneladas/ano. O processo resultou na vinda de uma empresa de pneus que vai comprar a borracha retirada das plantações naturais que já existem, em grande maioria, ao longo do rio Madeira.

O ex-vice-presidente dos EUA e prêmio Nobel da Paz, Al Gore, esteve também no evento e falou durante sua palestra sobre a criação de um fundo mundial internacional, que poderia bancar as ações voltadas para a preservação da Amazônia. Segundo ele, “No acordo político alcançado em Copenhague, isso não é mais controvertido. É um elemento chave do acordo ao qual o mundo está se dirigindo. E nos EUA, existem muitos lobistas que tentam influenciar positivamente essa questão, assim como existem grupos que fazem o mesmo em outras nações. Esse fundo seria uma solução central para este problema".

João Dória Jr., organizador do evento. Foto: Gustavo Scatena/Redação Terra
 

O coordenador do encontro, o empresário João Dória Jr., encerrou o Fórum dizendo: “Agora, é colocar em prática o que as empresas, as ONGs, a imprensa e os formadores de opinião se comprometeram a fazer aqui. Há uma consciência coletiva que empurra positivamente uma agenda de tarefas construtivas para coibir, criticar e denunciar aquelas ações que visam à destruição da floresta".

*O que é o REDD?
É um mecanismo de compensação financeira para os países em desenvolvimento ou para comunidades desses países, pela preservação de suas florestas. O REDD é visto como uma forma fundamental de redução da quantidade de CO2 lançada na atmosfera por conta do desmatamento em todo o mundo, causadora do aquecimento global. Nos últimos anos, o REDD se tornou ponto central das negociações de um novo acordo sobre o clima.

Para alguns especialistas o REDD representa a maior oportunidade isolada de redução imediata, e de maior custo efetivo, da emissão de GHG. Eles argumentam que outras opções mais tecnológicas, como a captura e armazenamento de carbono, são muito mais caras e poderiam levar muitos anos para serem implementadas em larga escala.

Fontes: verde.br.msn.com; terra.com; forumdesustentabilidade.com