18 de julho de 2012

Dejeto suíno e toxicidade do solo

Pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP mostra que os dejetos de suínos utilizados como fertilizante agrícola podem apresentar toxicidade para a fauna que habita o solo (edáfica).

De acordo com a autora, a zootecnista Júlia Corá Segat, o Brasil ocupa atualmente a 4ª posição entre os produtores mundiais de carne suína. Essa produção em pequena área territorial gera uma grande quantidade de dejetos de suínos por unidade de área agrícola. Isso porque a alternativa mais utilizada para descarte desses resíduos é a sua aplicação como fertilizante agrícola, prática que tem gerado um dos maiores problemas de poluição ambiental e de impacto nos organismos que habitam os solos.

A zootecnista avaliou por meio de testes ecotoxicológicos os efeitos de doses crescentes de dejeto de suínos — 0, 25, 50, 75 e 100 metros cúbicos por hectare. Em diferentes tipos de solo (Argissolo Vermelho Eutrófico, Latossolo Vermelho Distrófico, Neossolo Quartzarênico e Solo Artificial Tropical) avaliou-se a sobrevivência, a reprodução e o comportamento de minhocas (Eisenia andrei) e colêmbolos (Folsomia candida), uma espécie de inseto.

Segundo ela, os resultados das avaliações com minhocas mostraram que no Neossolo Quartzarênico a toxicidade do dejeto causou letalidade a 100% dos animais nas duas maiores doses testadas.

Os resultados dos testes em colêmbolos mostraram toxicidade em todas as doses testadas, causando letalidade significativa na menor dose de dejeto aplicada. As doses usadas para o teste de reprodução causaram redução no número de juvenis gerados em todos os solos testados.  E no teste de comportamento foi observada fuga dos organismos do solo tratado com as duas maiores doses de dejeto de suínos.

Ecotoxicologia terrestre
A ecotoxicologia terrestre é utilizada para avaliar efeitos de substâncias que, quando adicionadas aos solos, causam impactos em organismos, mensurando as respostas de alterações na taxa de letalidade, reprodução, desenvolvimento e comportamento de organismos edáficos padronizados.

De acordo com Júlia, no Brasil a ecotoxicologia terrestre é uma ferramenta nova e pouco utilizada, que vem sendo aos poucos implantada no país. Já na Europa é amplamente usada e até obrigatória para indicar a toxicidade de resíduos que possam ter como destino os solos.

Wedis Martins

Fonte:  agência USP