A tendência
de utilizar misturas em tanque de diferentes classes de defensivos é uma
prática importante do ponto de vista econômico. Em algumas situações, no
entanto, as misturas de diferentes herbicidas e também de herbicidas com
inseticidas e/ou outras classes de defensivos podem provocar toxicidade às
culturas e menor desempenho dos produtos. Isto pode estar associado à
incompatibilidade física dessas misturas.
Em estudo
publicado na revista Planta Daninha, pesquisadores da Universidade Federal do
Piauí e da Universidade do Estado do Mato Grosso explicam que a mistura em
tanque atualmente é de responsabilidade do agricultor e que, apesar de não se
necessitar de registro, é imprescindível o conhecimento prévio de possíveis
misturas em tanque com produtos de diferentes ingredientes ativos e
formulações, a fim de evitar possíveis danos à cultura e baixa eficiência
deles.
Segundo eles,
de maneira geral, as interações físicas estão associadas aos ingredientes
inertes contidos nos defensivos (formulações, solventes), enquanto a interação
química está associada à molécula dos defensivos. No entanto, ressaltam, que
para que haja interação dos defensivos, primeiramente esta se dá de maneira
física – em sua maioria, governada pelas características físico-químicas
(solubilidade, pKa, Kow) dos defensivos, levando-os, por conseguinte, às
interações químicas.
Os autores
explicam que o problema de incompatibilidade pode ser minimizado, por exemplo,
com o uso de adjuvantes e redutores de pH de calda. As moléculas, quando em
solução, dissociam-se em íons que podem ser de cargas negativas e positivas,
podendo se ligar a outros íons presentes na solução. A resultante elétrica da
dissociação das moléculas dos herbicidas varia em função do pH da solução; na
maioria das vezes, para os herbicidas a carga iônica negativa aumenta com o
incremento do pH, o que faz com que moléculas de carga negativa se liguem às
moléculas de carga positiva – a exemplo dos carbonatos presentes na maioria das
águas consideradas duras.
No estudo, o
grupo avaliou a incompatibilidade física de misturas de herbicidas e
inseticidas usualmente utilizados na cultura da soja. Os tratamentos foram
constituídos pelas misturas de seis herbicidas (glyphosate SC, glyphosate WG,
lactofen CE, fomesafen SC, haloxifop-R CE e fluazifop-pbutil EW) com seis
inseticidas (methomyl CS, clorpirifós CE, teflubenzuron SC, triflumuron SC,
cipermetrina CE e tiametoxam + lambda-cialotrina SC) na ausência e presença de
dois redutores de pH (ácido pirolenhoso e ácido bórico), com quatro repetições.
Utilizou-se
escala de 1 a 5, visando avaliar o grau de incompatibilidade, em que 1 é a
separação imediata da mistura e recomenda-se não aplicar e 5 é a homogeneidade
das misturas. As maiores incompatibilidades físicas nas misturas de herbicidas
e inseticidas foram observadas na presença dos herbicidas glyphosate na
formulação WG e lactofen CE. O ácido pirolenhoso e o ácido bórico demonstraram
ser boas alternativas, como redutores de pH, no preparo de calda de
pulverização com misturas de herbicidas e inseticidas. Der acordo com os
pesquisadores, devem-se evitar misturas em tanque de glyphosate na formulação
SC + clorpirifós CE e lactofen CE + clorpirifós CE.
Fonte: estudo
“Incompatibilidade
física de misturas entre herbicidas e inseticidas” (Planta Daninha, Viçosa-MG,
v. 30, n. 2, p. 449-457, 2012)
Nenhum comentário:
Postar um comentário