22 de setembro de 2012

Interação física entre misturas de defensivos agrícolas

A tendência de utilizar misturas em tanque de diferentes classes de defensivos é uma prática importante do ponto de vista econômico. Em algumas situações, no entanto, as misturas de diferentes herbicidas e também de herbicidas com inseticidas e/ou outras classes de defensivos podem provocar toxicidade às culturas e menor desempenho dos produtos. Isto pode estar associado à incompatibilidade física dessas misturas.

Em estudo publicado na revista Planta Daninha, pesquisadores da Universidade Federal do Piauí e da Universidade do Estado do Mato Grosso explicam que a mistura em tanque atualmente é de responsabilidade do agricultor e que, apesar de não se necessitar de registro, é imprescindível o conhecimento prévio de possíveis misturas em tanque com produtos de diferentes ingredientes ativos e formulações, a fim de evitar possíveis danos à cultura e baixa eficiência deles.

Segundo eles, de maneira geral, as interações físicas estão associadas aos ingredientes inertes contidos nos defensivos (formulações, solventes), enquanto a interação química está associada à molécula dos defensivos. No entanto, ressaltam, que para que haja interação dos defensivos, primeiramente esta se dá de maneira física – em sua maioria, governada pelas características físico-químicas (solubilidade, pKa, Kow) dos defensivos, levando-os, por conseguinte, às interações químicas.

Os autores explicam que o problema de incompatibilidade pode ser minimizado, por exemplo, com o uso de adjuvantes e redutores de pH de calda. As moléculas, quando em solução, dissociam-se em íons que podem ser de cargas negativas e positivas, podendo se ligar a outros íons presentes na solução. A resultante elétrica da dissociação das moléculas dos herbicidas varia em função do pH da solução; na maioria das vezes, para os herbicidas a carga iônica negativa aumenta com o incremento do pH, o que faz com que moléculas de carga negativa se liguem às moléculas de carga positiva – a exemplo dos carbonatos presentes na maioria das águas consideradas duras.

No estudo, o grupo avaliou a incompatibilidade física de misturas de herbicidas e inseticidas usualmente utilizados na cultura da soja. Os tratamentos foram constituídos pelas misturas de seis herbicidas (glyphosate SC, glyphosate WG, lactofen CE, fomesafen SC, haloxifop-R CE e fluazifop-pbutil EW) com seis inseticidas (methomyl CS, clorpirifós CE, teflubenzuron SC, triflumuron SC, cipermetrina CE e tiametoxam + lambda-cialotrina SC) na ausência e presença de dois redutores de pH (ácido pirolenhoso e ácido bórico), com quatro repetições.

Utilizou-se escala de 1 a 5, visando avaliar o grau de incompatibilidade, em que 1 é a separação imediata da mistura e recomenda-se não aplicar e 5 é a homogeneidade das misturas. As maiores incompatibilidades físicas nas misturas de herbicidas e inseticidas foram observadas na presença dos herbicidas glyphosate na formulação WG e lactofen CE. O ácido pirolenhoso e o ácido bórico demonstraram ser boas alternativas, como redutores de pH, no preparo de calda de pulverização com misturas de herbicidas e inseticidas. Der acordo com os pesquisadores, devem-se evitar misturas em tanque de glyphosate na formulação SC + clorpirifós CE e lactofen CE + clorpirifós CE.

Fonte: estudo “Incompatibilidade física de misturas entre herbicidas e inseticidas” (Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 30, n. 2, p. 449-457, 2012)

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